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15 de janeiro de 2016

Reflexões dos vinte

 Espero, sozinha, em um quarto já escuro, que o relógio marque meia-noite. Algo completamente simbólico, considerando que nasci somente às nove horas e vinte minutos da manhã. Há vinte anos atrás, nesta exata hora em que hoje aqui escrevo, tinha umas seis horas de vida.
É tão estranho parar pra pensar nisso, em todo esse processo de nascer e crescer. Talvez tenhamos nascido destinados a nos tornarmos algo, alguém específico. Talvez eu tenha nascido já pré-destinada a ser o que sou hoje. Talvez tudo o que me tornarei já esteja escrito em algum lugar qualquer.
As possibilidades são tantas que nem sabemos o que fazer com elas. E provavelmente ninguém nunca saberá até que ponto somos influenciáveis por estas partes ocultas que desconhecemos de nós mesmos. Tudo o que nos resta é ir traçando o destino na medida em que o percorremos.
Vinte anos. Entre as parabenizações que recebi, algumas delas me alertam sobre a incidência de cabelos brancos que nascem quase que instantaneamente nesta faixa etária. Em outras, além do costumeiro “parabéns”, recebi também um “bem-vinda” a década dos vinte, juntamente com as típicas reflexões. 
Ah, as reflexões! O sentir-se a cada ano mais velha, se é que dá pra usar essa expressão com tão tenra idade. Mas o tempo passa... E apesar da forma como ele é medido permanecer a mesma, ele parece passar mais rápido a cada dia. E, às vezes, por mais que a gente cresça, além das coisas que não conseguimos entender, há também o medo de não conseguir acompanhar a passagem acelerada dos dias.