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26 de junho de 2014

A finalidade dos finais


A verdade é que o final de qualquer história, seja ela real ou fictícia, é o que te motiva a continuar. A expectativa em saber o que acontecerá, a chance de sorrir incansavelmente, ou chorar até que não restem mais lágrimas. De uma maneira ou de outra, é o final que todos esperam ansiosamente desde o começo.
Não consigo acreditar que ainda possa existir alguém que realmente espera que algo dure “para sempre”. Isso já foi testado por milhares de pessoas inocentes da realidade, e comprovado: tudo tem um fim. Mas você continua, porque mesmo que não admita você quer ver qual será a sua reação diante de um fim inevitável, você precisa ver o quão suficientemente forte é, para que possa investir mais alto na próxima decepção.
Finais podem ser assustadores ou renovadores. É uma questão de escolha: recomeçar, com todas as expectativas, histórias, pessoas, sonhos; ou permanecer preso ao passado, até que o passado resolva te jogar para o presente, onde viverá das lembranças do que poderia ter sido e não se tornou real. 

14 de junho de 2014

A vida em um dia


Se há um documentário que não canso de assistir e sempre recomendo é este: A Vida em um Dia. Ele consiste em uma série de vídeos selecionados entre os milhares que foram enviados para uma conta no YouTube, no dia 24 de julho de 2010. O motivo? Retratar um único dia da vida destas pessoas, mostrando o que acontecia nas mais diversas partes do mundo. O resultado? 4.500 horas de vídeos, de 192 países. 

Todos nós já estamos cansados de saber que existem bilhões de pessoas no mundo inteiro, mas poucas ou inexistentes são as vezes que paramos para pensar verdadeiramente sobre isso e percebemos que esses bilhões de pessoas existentes não são apenas números, todas elas são seres vivos como a gente, com suas variadas culturas, tradições, crenças, paixões, sentimentos, são pessoas que sofrem, choram, vivem. 

Bilhões de pessoas que se cruzam todos os dias constantemente, que vivem as mesmas experiências que a gente, que sonham, tem esperanças e também que as perdem, assim como acontece conosco muitas vezes, que levam a vida com seus pequenos e grandes gestos de sobrevivência diária. Seres tão complexos que preferem definir-se como “comuns”, pela simples incapacidade de explicar-se, são pessoas vivendo os seus melhores e piores dias, são esses seres, humanos em sua totalidade, com as falhas, mas acima de tudo com os acertos que os tornam dignos de pertencer a este mundo repleto de contrastes. 

É um dia onde são retratadas ao redor do mundo as famílias, o convívio, mas também a solidão. São as vidas que surgem e se esvaem no decorrer deste dia. Os conflitos seja com o mundo ou com seu próprio interior. Os medos e os atos heroicos. Seus rituais, de comemoração ou de pesar. 

São as vidas que não conhecemos, mas estão ali, existindo independente de nossas crenças ou opiniões sobre elas, é a prova de que nem todos os dias são incríveis, com coisas maravilhosas acontecendo, pelo contrário, a maioria deles passa apenas de forma indiferente. Mas são as novidades, a expectativa de algo que ainda não conhecemos que nos motiva a viver todos eles, afinal, por piores que possam parecer os dias sempre chegam ao fim. São essas aventuras cotidianas, cujo conjunto denominamos vida. E ela está sempre acontecendo.


Texto escrito por Juliana Gazola e originalmente publicado no site Refletindo.