Tudo o que vivemos e o que somos não
passa de uma mentira. É assustador pensar assim, não é? Pois essa é a verdade.
Ou seria a mentira? Assim é o mundo que consideramos “real”, é cheio de
dúvidas, incertezas, ninguém sabe quem é, o que busca, aonde quer chegar.
A
palavra essência é definida como a natureza que constitui um ser, a composição
fundamental de qualquer existência. Mas atualmente o que se pode perceber são
máscaras que parecem se sobrepor umas às outras, criando uma grossa camada de
hipocrisia que insiste em disfarçar a essência de toda uma vida, vivida na
ânsia de apenas existir conforme o que espera-se de nós, onde o que somos
verdadeiramente permanece quase intacto, porém profundamente escondido em nosso
ser.
É
a ganância, é a ignorância. Não somos mais nós mesmos. Aliás, quem éramos “nós” antes dessa inversão
toda de valores, de escolhas, de personalidades? Quem eu era e quem eu sou?
Não
há nenhuma delimitação clara que indique em que momento essas mudanças ocorreram.
Não há uma fase antes e depois, toda ela é constituída de “agoras”. E é
exatamente isso que causa tanta aflição.
Ao
encontrarmos ou ouvirmos falar de algo até então desconhecido, lá estamos todos
criando conceitos, formas, suposições e argumentos para tentar descrevê-lo,
tentar colocá-lo nos padrões já existentes. Ninguém consegue se conformar e
aceitar o fato de não possuir poder sobre tudo, aliás, não temos poder sobre
nada, apenas sobre nossas próprias mentiras.
E
o primeiro passo é justamente aceitar e admitir: não sabemos de nada. Mas ainda
assim, não há motivos para desespero. Apesar de tudo que parece nos influenciar
e modificar a todo o momento, nossa essência continua intacta. Abaixo de todas
as camadas que nos encobrem e nos escondem, ainda não estamos totalmente
perdidos, a essência não se modificará por completo e tudo o que precisamos é
reencontrá-la em meio aos escombros do que acreditamos ser.
"Nenhuma
época soube tantas e tão diversas coisas do homem como a nossa. Mas em verdade,
nunca se soube menos o que é o homem." Martin Heidegger
Texto escrito por Juliana Gazola e originalmente publicado no site Refletindo.