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14 de julho de 2014

A insustentável essência de quem somos


Tudo o que vivemos e o que somos não passa de uma mentira. É assustador pensar assim, não é? Pois essa é a verdade. Ou seria a mentira? Assim é o mundo que consideramos “real”, é cheio de dúvidas, incertezas, ninguém sabe quem é, o que busca, aonde quer chegar.

A palavra essência é definida como a natureza que constitui um ser, a composição fundamental de qualquer existência. Mas atualmente o que se pode perceber são máscaras que parecem se sobrepor umas às outras, criando uma grossa camada de hipocrisia que insiste em disfarçar a essência de toda uma vida, vivida na ânsia de apenas existir conforme o que espera-se de nós, onde o que somos verdadeiramente permanece quase intacto, porém profundamente escondido em nosso ser.

É a ganância, é a ignorância. Não somos mais nós mesmos.  Aliás, quem éramos “nós” antes dessa inversão toda de valores, de escolhas, de personalidades? Quem eu era e quem eu sou?
Não há nenhuma delimitação clara que indique em que momento essas mudanças ocorreram. Não há uma fase antes e depois, toda ela é constituída de “agoras”. E é exatamente isso que causa tanta aflição.

Ao encontrarmos ou ouvirmos falar de algo até então desconhecido, lá estamos todos criando conceitos, formas, suposições e argumentos para tentar descrevê-lo, tentar colocá-lo nos padrões já existentes. Ninguém consegue se conformar e aceitar o fato de não possuir poder sobre tudo, aliás, não temos poder sobre nada, apenas sobre nossas próprias mentiras.

E o primeiro passo é justamente aceitar e admitir: não sabemos de nada. Mas ainda assim, não há motivos para desespero. Apesar de tudo que parece nos influenciar e modificar a todo o momento, nossa essência continua intacta. Abaixo de todas as camadas que nos encobrem e nos escondem, ainda não estamos totalmente perdidos, a essência não se modificará por completo e tudo o que precisamos é reencontrá-la em meio aos escombros do que acreditamos ser.

"Nenhuma época soube tantas e tão diversas coisas do homem como a nossa. Mas em verdade, nunca se soube menos o que é o homem." Martin Heidegger

Texto escrito por Juliana Gazola e originalmente publicado no site Refletindo.


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