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16 de agosto de 2016

Quão grave é a situação na qual nos perdemos?

Quão grave é a situação na qual nos perdemos?
Porque não é possível nem mesmo dizer que nos encontramos nesta situação, levando em consideração que ninguém sabe nem onde está, quem dirá encontrar qualquer coisa.
Ando com a convicção de que Epicuro nunca esteve tão certo em seu conceito de autarkeia, o bastar-se a si mesmo. Porque só neste estado de perfeita comunhão consigo mesmo seremos capazes de atingir a felicidade, em tempos antigos, somente alcançada pelos sábios. 
Eu realmente prefiro acreditar que as pessoas não sejam más, e sim, que elas só estejam perdidas. Talvez o principal problema seja justamente este: ninguém deseja se encontrar. 
Para a maioria das pessoas, quanto mais afastadas de si mesmas, maior é a sensação de segurança. Mal sabem elas o perigo que podem estar correndo, apoiando-se em ombros que mal conseguem sustentar o próprio peso, quem dirá carregar outra criatura tão – ou até mais – pesada. Porque a maior dificuldade é sempre carregar aquele peso que não é material, mas que todos carregamos – ou arrastamos – consigo e do qual não conseguimos livrar-nos jamais.
A carga que ninguém parece conseguir aguentar sozinho. 
Somos apresentados – ao mundo e a nós mesmos - como grãozinhos insignificantes, com medo de sua própria insignificância. E talvez sejamos mesmo esses seres tão frágeis e quebrados em milhares de fragmentos. E mesmo os que se julgam tão fortes, inevitavelmente em algum momento da vida, serão eles também golpeados por uma existência incessante e da qual eles não conseguem ter domínio. 
Mas apesar disso tudo, ainda assim, contudo, portanto, todavia... Vivemos. Estamos sempre, constantemente, impreterivelmente, em processo de construção. Não como sólidas muralhas, mas como obras inacabadas sujeitas ao vento, a chuva e a todos os tipos de intempéries possíveis. 

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