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2 de novembro de 2011

Des(entender) a mim mesma

A verdade é que tudo que tenho escrito está errado.
Quando alguém escreve, essa pessoa espera que o texto seja um microscópico pedaço de si mesmo, mas que estará destinado a permanecer ali intacto mesmo que as letras se apaguem, mesmo que as palavras percam o sentido, mesmo que ninguém seja capaz de compreender. Mas de algumas semanas, ou talvez até meses, (não tenho mais noção nem do tempo que se passou, considerando que meus dias são medidos conforme a quantidade de sonhos, e eles têm sido cada vez mais escassos) mas, enfim, de alguns tempos até esse momento, procuro palavras que até então desapareciam no ar e não eram capazes de chegar até meus dedos, que agora digitam automaticamente frases que parecem não fazer sentido algum.
E apesar de todas essas palavras que acabam de ser jogadas diante de meus olhos, ainda assim me vejo inteira, nenhuma parte microscópica de mim parece ter ficado nas entrelinhas desse desabafo.
Mas ainda há a chance de que não seja necessário me desfazer em pedaços a cada novo sentimento descrito, e de que em cada vazio que preenche os espaços entre as palavras, esteja, mesmo que de forma imperceptível, eu mesma.

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