Olá, tudo bem? Espero que sim, considerando que as
circunstâncias que motivaram esta carta não são as melhores. Naquele dia no
qual nos conhecemos, ou nos encontramos para ser mais exata, considerando que não
conheço nada a seu respeito; naquele dia, cujo não me recordo mais que dia
da semana era, provavelmente um dia chuvoso, especialmente para você; me
deparei com você lavando o rosto, na tentativa de anular as lágrimas juntamente
com a água, enquanto ainda soluçava, aquele soluço de quem percebe que já não
adianta chorar, mas percebe tarde demais.
Presenciei esta cena no exato momento em que adentrei a
porta do recinto. Juro que meu primeiro ato pensado seria o de pedir o que
havia acontecido, se precisava de ajuda. Mas eu não consegui pensar. Não sei se
serei capaz de me explicar claramente, mas naquele instante, quem soluçava, ali
sozinha, também era eu. Eram meus antigos momentos mais sombrios, já
devidamente superados, mas que eram personificados em minha frente, me deixando
novamente sem reação.
Não sei se ao sair você foi ao encontro de alguém que iria
te abraçar e ofertar palavras de apoio. Por minha própria consciência culpada,
espero que sim. Mas de qualquer maneira, te devo desculpas. E espero
sinceramente que esteja tudo bem.
É inegável que chorar faz bem às vezes. E se o motivo era
algo singelo (mas que mesmo assim todos sabem o quanto doi), como brigas ou
coração partido, me sinto na obrigação de te alertar: você ainda vai chorar
muito. Porém, vai sobreviver.
Mas se do contrário, o motivo era algo mais grave, desejo
que você tenha sempre força suficiente para continuar, sabe? Mesmo que às vezes
não pareça, há tanta coisa boa nos esperando lá na frente e que só conheceremos
se continuarmos.
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