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8 de setembro de 2015

Carta à menina que chorava no banheiro

Olá, tudo bem? Espero que sim, considerando que as circunstâncias que motivaram esta carta não são as melhores. Naquele dia no qual nos conhecemos, ou nos encontramos para ser mais exata, considerando que não conheço nada a seu respeito; naquele dia, cujo não me recordo mais que dia da semana era, provavelmente um dia chuvoso, especialmente para você; me deparei com você lavando o rosto, na tentativa de anular as lágrimas juntamente com a água, enquanto ainda soluçava, aquele soluço de quem percebe que já não adianta chorar, mas percebe tarde demais.
Presenciei esta cena no exato momento em que adentrei a porta do recinto. Juro que meu primeiro ato pensado seria o de pedir o que havia acontecido, se precisava de ajuda. Mas eu não consegui pensar. Não sei se serei capaz de me explicar claramente, mas naquele instante, quem soluçava, ali sozinha, também era eu. Eram meus antigos momentos mais sombrios, já devidamente superados, mas que eram personificados em minha frente, me deixando novamente sem reação.
Não sei se ao sair você foi ao encontro de alguém que iria te abraçar e ofertar palavras de apoio. Por minha própria consciência culpada, espero que sim. Mas de qualquer maneira, te devo desculpas. E espero sinceramente que esteja tudo bem.
É inegável que chorar faz bem às vezes. E se o motivo era algo singelo (mas que mesmo assim todos sabem o quanto doi), como brigas ou coração partido, me sinto na obrigação de te alertar: você ainda vai chorar muito. Porém, vai sobreviver.
Mas se do contrário, o motivo era algo mais grave, desejo que você tenha sempre força suficiente para continuar, sabe? Mesmo que às vezes não pareça, há tanta coisa boa nos esperando lá na frente e que só conheceremos se continuarmos.

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