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20 de maio de 2017

Depois do fim

Para muitos, o fim de qualquer festa é simbolizado pelo momento em que a banda que está tocando encerra seu show, que as cortinas se fecham. (Se houverem cortinas a ser fechadas.)
Pois eu vós digo, caríssimos amigos: este não é o fim.
Há muitos bastidores por trás de qualquer show, festa, apresentação. Há muito que fazer também quando “ninguém está vendo”.
Mas você só percebe estas coisas, se permanecer além daquele tempo costumeiro onde todos já estão indo embora. Porque o pós-show é sempre a melhor parte.
É aquele momento que as luzes já não piscam desenfreadamente, até a música parece já estar perdendo as forças e diminuindo sua intensidade, seu volume, seu ritmo. É o momento em que você pode conversar com os que ali ainda restarem sem que seja preciso gritar.
Se o show tiver sido de alguma banda mais local e você tiver um pouco de sorte, pode até compartilhar uma cerveja com os músicos. Então verá toda a humanidade que há neles, conhecerá um pouco de seus sonhos, que geralmente não consistem em turnês mundiais, nem ambições inatingíveis.
É no pós-show também que você verá as pessoas, sejam funcionários do local, gente da produção da banda, ou muitas vezes os próprios integrantes dela, recolhendo seus instrumentos que permaneceram no palco, e que você, que saiu antes do pós-show, deve pensar que se teletransportam com a força do pensamento. Os caras são músicos, não telepatas.
Há ainda outro grupo de pessoas que organiza o ambiente, então o lixo é recolhido, o chão é varrido. E a cerveja continua sendo bebida. E os sonhos continuam sendo sonhados, enquanto a conversa continua a fluir.

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